Barbatimão: a árvore medicinal aliada da saúde da mulher

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Marilua Feitoza

  • Nome científico: Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville
  • Sinonímia: Stryphnodendron barbadetiman (Vell.) Mart.;Acácia adstringens Mart.; Mimosa barbadetiman Vell.
  • Nome popular: Barbatimão, barbatimão-verdadeiro, casca-da-virgindade.
  • Família botânica: Fabaceae.
  • Parte medicinal:​ ​​Folhas, cascas do tronco e galhos.
  • Formas de uso: Compressa, banho de assento, pomada, unguento, sabonete, gel, óleo corporal.
  • Indicação: Cortes infectados, feridas, herpes, candidiase, HPV, corrimentos em geral, pós-parto e no pós-cirúrgico.
  • Contraindicação: É contraindicada a ingestão do chá, tintura e garrafadas.

O barbatimão (Stryphnodendron adstringens) emerge como uma das árvores nativas brasileiras mais importantes da medicina popular, especialmente no tratamento de feridas, infecções e problemas de saúde relacionados à saúde da mulher. A casca do caule, folhas e galhos da planta, em particular, têm sido historicamente empregados de forma tópica, por meio do chá ou de garrafadas, como anti-inflamatório, antiséptico, adstringente e antibiótico natural.

No Cerrado e na Caatinga, o barbatimão é amplamente utilizado para tratar problemas genecológicos e da pele. Foto: Mauricio Mercadante

Para a saúde íntima da mulher, os preparos fitoterápicos caseiros à base de barbatimão são amplamente empregados na medicina popular, sobretudo nas regiões onde a árvore nasce espontaneamente. Mulheres de comunidades rurais e quilombolas que habitam especialmente os biomas Cerrado e a Caatinga, usam o chá concentrado da planta e garrafadas medicinais para tratar diversas doenças ginecológicas. O banho de assento, por meio do chá, é um dos preparos mais tradicionais, utilizado para tratar candidíase, infecção urinária, problemas bacterianos em geral, hemorroidas, entre outros. Inclusive, a indústria já está de olho nas propriedades medicinais da planta e lançou sabonetes íntimos de barbatimão que estão sendo comercializados para uso preventivo de doenças ginecológicas.

Além de tratar problemas relacionados à saúde da mulher, o barbatimão é indicado para a saúde da pele, especialmente na cicatrização de úlceras e afecções cutâneas.  Chás produzidos a partir das cascas do tronco ou dos galhos, além de tinturas e garrafadas, são usualmente utilizados em forma de compressa, lavagem de feridas, escalda-pés e cataplasmas.

Das cascas duras e rugosas do barbatimão se preparam chás, garrafadas e tinturas cicatrizantes, antissépticas e anti-inflamatórias. Foto: Luísa Azevedo

Tradicionalmente, o uso do barbatimão como planta anti-inflamatória, adstringente, cicatrizante e antisséptica, está consolidado. Estudos científicos confirmam as diversas atividades biológicas benéficas e resolutivas já conhecidas pelas populações tradicionais. Entre elas, a potente ação anti-inflamatória, ação adstringente, antioxidante, antifúngica e antimicrobiana. Essas e outras propriedades medicinais são atribuídas à presença de um complexo conjunto de taninos, substâncias que se destacam pela capacidade de precipitar proteínas, promovendo, dessa maneira, a contração e a proteção dos tecidos da pele. Além dos taninos, o barbatimão possui alcaloides, flavonoides, terpenos, estilbenos e esteroides, que contribuem para a cicatrização e a desinfecção da pele e das mucosas.

O chá concentrado de barbatimão pode ser diluído em água e utilizado em compressas, banho de assento e para lavar feridas e lesões, para tratar cortes infectados, feridas, herpes, candidiase, HPV, corrimentos em geral, além de lacerações no pós-parto e no pós-cirúrgico. Foto: Marilua

É importante alertar para os perigos da ingestão de preparos fitoterápicos à base de barbatimão. O alto índice de taninos encontrados na planta, segundo estudos científicos, podem ser perigosos se ingeridos em altas concentrações. O consumo excessivo ou prolongado do chá ou da garrafada de barbatimão, por exemplo, podem levar à toxicidade hepática e renal, irritação gastrointestinal, constipação e até câncer estomacal. Por isso, a recomendação é utilizar o barbatimão apenas em usos externos (tópico).

Referências bibliográficas

  1. FERREIRA, Érica Camila. As propriedades medicinais e bioquímicas da planta Stryphnodendron adstringens “barbatimão”. Biológicas & Saúde, v. 3, n. 11, 2013.
  2. SOUZA, Tatiana M. et al. Avaliação da atividade anti-séptica de extrato seco de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville e de preparação cosmética contendo este extrato. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, p. 71-75, 2007.
  3. SOARES, Sara Pimenta et al. Atividade antibacteriana do extrato hidroalcoólico bruto de Stryphnodendron adstringens sobre microorganismos da cárie dental. Revista Odonto Ciência, v. 23, n. 2, 2008.
  4. MACEDO, Flávia Moreira et al. Triagem fitoquímica do barbatimão [Stryphnodendron adstringens (Mart) Coville]. Revista brasileira de Biociências, v. 5, n. S2, p. 1166-1168, 2007.
  5. REBECCA, Marcelo Alessandro et al. Toxicological studies on Stryphnodendron adstringens. Journal of ethnopharmacology, v. 83, n. 1-2, p. 101-104, 2002.

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